domingo, 6 de maio de 2012



Morfeu Mete Baixa

Fazei o favor de me deixar fora dos vossos sonhos, estou ao alcance dos olhos
Abertos, sou vulnerável a sorrisos e admiro a vontade sem preguiça, que tem pernas
E voa, os sonhos são lugar para impossíveis e a morte é algo que me torna bastante real,
Mas não esperem por ela, depois sim, sonhem, ressuscitem o que não sou, nem fui, nem serei,
O que sou em cada um de vós, eu de olhos fechados, todos de olhos fechados,
A única diferença eu a adubar a terra com o estrume dentro do meu crânio
E vós a humedecer em lençóis, inutilmente, lubrificação de vazios para nada, por nada.
Não quero estar onde não estou, não estou, eu sou aqui, isto, cada vez mais menos,
Gosto que inspirem fundo no meu pescoço, não gosto de expirações nas costas,
E suspiros, só quando entro, não quando saio, gosto dos meus dentes na palidez
De um grito imediato, gosto do sabor do sumo dos vossos sonhos, de pupilas bem dilatadas,
Mesmo se luz, mas não me sonhem, se é só para ir andando, até eu estar longe
Do dos sonhos, longe da frustração que me revolta, não ser eu antes um fantasma,
Agora esta carne sempre faminta, fertilizante de ilusões incompreensíveis, que se acordam.
Deixai-me tornar eternidade, o amor para sempre das histórias terminadas no início,
A maçã podre que as serpentes não querem vender, os beijos que ficarão na cobardia.

06.05.2012

Turku

João Bosco da Silva