quinta-feira, 14 de abril de 2016

Abril

Abril sempre foi um mês difícil, dedos à procura de carne nos cemitérios à noite,
Ela a dizer que sangue, enquanto noutras noites, ainda com o cheiro fresco,
Carros partem para o anal com gosto e um fica a ler mensagens a dizer que
Preferia que fosses tu, em Abril procura-se nas madrugadas o perfume que partiu
Naquela bicicleta com o ondular do vestido em despedida, mais cinzento que
Qualquer mar em Novembro, o Sol brilha mas não aquece, a água está fria,
Contudo às quartas-feiras à tarde vai-se até ao rio na esperança de umas cuecas molhadas
E uns soutiens de Domingo, Abril sempre obrigou à poesia, os poemas florescidos
E outras revoluções menos violentas, o gelo é perigoso na despedida em Abril
E a sede de carne torna-se pesada no ar poeirento, cada música é uma exumação
No coração, há um moribundo a cada batida, um morto com cara de saudade incurável,
Abril é um mês fodido como a certeza da última foda com quem se amou sem se saber,
É quando a neve revela o que Inverno escondia na escuridão fria, as saudades.

Turku

13-04-2046


João Bosco da Silva